Às vezes (ou quase sempre) você só quer uma segunda chance. Precisa dela para acalmar os próprios demônios internos, os quais nos azucrinam ao longo da vida. Isso tudo porque a gente não nasce com um manual, cheio de explicações sobre o que e como fazer durante a existência e segue cometendo erros - por vezes bobos; noutras, grotescos. Não desejo para ninguém o amargor do "e se..."; o peso das dúvidas que nos tiraram dos trilhos; a responsabilidade de arcar com o fracasso, fruto de escolhas que, no fim, são somente nossas. Não desejo mesmo.
Eu precisava de uma segunda chance. Precisava de um botão que me voltasse no tempo e me desse outras memórias, só pra ser mais feliz. Precisava acordar vinte anos atrás com a cabeça de agora e tomar as rédeas como uma mulher, não como uma menina. Meninas são estúpidas, vá por mim. E se são ansiosas aí é que fodeu tudo mesmo. Hoje, minha ansiedade não cabe em mim. Hoje eu percebi que não tenho mais tempo; que a vida não rebobina; que não dá pra mudar palavras que foram ditas, assuntos que foram cortados no meio do caminho; não dá pra desistir de desistir. Não dá. Não dá mais. A vida andou pra frente e só agora eu vi que eu fiquei lá atras, naquele instante que nunca se resolveu dentro de mim.
Será que é pedir demais consertar os erros? É atropelo querer mais tempo, quando a vida corre, tal qual um trem bala? Será egoísmo querer assim?! Ou será somente um desejo enorme de ter a felicidade que eu sempre busquei - e a qual eu estou certa de ter plenos direitos? Será que eu tenho direito?! A porra do "e se..." fodeu comigo. Não desejo esse buraco no espaço-tempo nem pro Temer, pra vocês terem uma ideia.
Pois bem. Eu pensei que teria uma nova chance. Que o sol brilharia novamente pra mim. Que eu estaria ali defronte com a menina que eu perdi a tantos anos atrás pelo simples medo de enfrentar o mundo. Naquele "e se..." eu me perdi completamente - e temo nunca mais me encontrar.
Por isso, na próxima vez que pensar em desistir, lembre-se da escritora que perdeu a chance por ser covarde demais; por achar que haveria outras oportunidades; por acreditar na balela que a felicidade bate na porta da gente sempre que a gente permitir. Uma vez que se fecha a porta para a felicidade, ela não volta. Jamais. Percebi que ela é vingativa, encrenqueira e muito, MUITO orgulhosa. Não olha pra trás, não dá novas chances. Simplesmente te olha de relance e diz, irônica: pode comemorar! Você não me verá nunca mais.
Talvez, o certo mesmo seja não refletir muito sobre isso e se focar inteiramente no presente. Enterrar os nossos mortos. Talvez, um dia a gente entende o por quê de tudo isso.
ResponderExcluirTenho visto que é muito difícil enterras os mortos, francesa. às vezes eles ressuscitam somente para lembrar que, muito provavelmente, estejam mais vivos do que nós. :S
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