quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Sobre o que você anda pensando?

Alguma vez você já se fez alguma dessas perguntas:

- Eu realmente penso no que deveria pensar?
- Será que o pessoal da televisão tem uma bola de cristal, com a qual conseguem ler meus pensamentos?
- Qual será a razão de determinados assuntos virem sempre à tona nas minhas conversas (se, em verdade, a maioria deles ou não me atinge ou não faz parte da minha realidade)?

Se você tem o mínimo de censo crítico, sou capaz de apostar que, em algum momento da sua existência, questionou o papel dos meios de comunicação em suas decisões - mesmo nas mais banais. E há explicações e respostas para todos estes por quês.

A comunicação, enquanto área de estudo, abarca um sem número de teorias, iniciadas por volta da década de 1920, as quais tentam explicar que tipo e qual a extensão dos efeitos da comunicação de massa em nossas vidas. Três delas me chamam especial atenção: As Teorias da Espiral do Silêncio, do Agenda Setting (ou Agendamento) e do Gatekeeper. Juntas, elas traçam um modelo piramidal, o qual elucida como nos acomodamos diante das imposições dos média.

 A Teoria da Espiral do Silêncio, proposta na década de 1970, pela cientista alemã Elisabeth Noelle-Neumann. afirma, em linhas gerais, que as pessoas omitem suas próprias opiniões, quando conflitantes com a dominante, por medo do isolamento. Isso significa dizer que a opinião pública cria-se com base nesse binômio "medo do isolamento/aceitação de opinião dominante", pois os indivíduos, por valorizarem suas relações sociais, amoldam-se a discursos prontos para não serem excluídos do grupo.

A Teoria do Agenda Setting ou Hipótese do Agendamento, por sua vez, também formulada na década de 1970, por Maxwell McCombs e Donald Shaw, afirma, em poucas palavras, que a Imprensa não diz à sociedade como pensar, mas SOBRE o que pensar. Assim, os temas que frequentam os média, terminam por criar uma agenda a qual, por conseguinte, se tornará a agenda do público. Tais temas, de uma hora para outra, de tanto serem repetidos, acabam por tomar as rodas de conversa e a serem recorrentes nos comentários e argumentações das mais diferentes pessoas.

Por fim, a Teoria do Gatekeeper, formulada na década de 1950, pelo psicólogo Kurt Lewin, afirma que o processo de escolha das notícias é subjetivo e arbitrário, passando por diversos portões (Gates), os quais são monitorados por guardiões - os Jornalistas. Estes, armados pelo que chamamos de "valores-notícias", teriam o poder de ditar os assuntos que serão ou não notícia.

Cada teoria, à sua forma, cria um processo que alimenta a outra. A imprensa define os assuntos que serão notícia; com isso, cria um agendamento, o qual acabará por tornar-se também agenda do público; e nós, os espectadores, ao sermos atacados por todos os lados por discursos pré-concebidos, acabamos por ocultar nossa opinião pessoal por medo do isolamento. E é o que acontece conosco todos os dias. Tacitamente, nos colocamos em frente à televisão ou ao computador e aceitamos os discursos fabricados por uma mídia, a qual, com certeza, não trabalha em prol do povo. Basta lembrar que os grandes conglomerados de comunicação brasileiros têm como donos políticos de índole, no mínimo, duvidosa (vide Sarney e Collor, só para citar).

A solução para escapar das armadilhas deste ciclo vicioso é procurar informação idônea em instrumentos independentes (blogs, jornais e TVs), pois eles existem. É preciso, também, exercitar o senso crítico, analisar as notícias no mais profundo do seu âmago, questionar os discursos ali presentes, ler nas entrelinhas e enxergar as mensagens subliminares as quais tentam nos tornar reféns da nossa própria ignorância. Apenas assim, senhores de nossas opiniões, despidos do véu o qual mascara nosso real papel no mundo, é que poderemos nos afirmar enquanto cidadãos ativos e contribuir para uma efetiva melhora deste planeta chamado Brasil.

Um comentário:

  1. Armas do quarto poder, talvez o mais efetivo, por chegar a todas as camadas da população reféns da mídia nacional que, antes de estimular cultura, jogam em nossos lares coisas como A Fazenda, Bigbrother, Faustão e coisas do gênero.

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