segunda-feira, 1 de junho de 2015

Enfim...

Minhas DRs com Deus têm sido constantes. Eu falo e sei que, pacientemente, ele escuta, pois são muitas as reclamações. As indagações são muitas, em número muito superior aos agradecimentos, devo confessar. E isso me angustia.

Afinal de contas, nós deveríamos sempre agradecer. Agradecer por mais um dia, por esta nova oportunidade de viver os tais 86 mil segundos que nos são confiados rotineiramente. Glorificar a chance de sorver a vida em sua plenitude, seja ela qual for. Acontece - e isso acontece com todo mundo -, que existem os desejos, muito acima das necessidades, e estes sim despertam, em nós, a necessidade de uma busca incansável.

Aos 33, eu cansei de ser hipócrita. Tenho corrido muito, andado bem esboforida e, quase sempre, tenho dado com a cara na parede. Ou com os burros n'água, pra usar de expressões mais regionais. Me irrita a arrogância de quem não corre e ganha; não me desce o sutil olhar superior de quem está chegando lá. Internamente, eu me fito nesse espelho desfocado e tenho a sensação de que não estou nem perto. Na verdade, e isso é uma merda, a sensação que eu tenho é de correr e nunca - nunca -, sair do lugar.

Dia desses eu tive uma conversa de pé de orelha com Deus. Chamei-o na chincha, como dizem. Um sem número de porquês invadiu aquela conversa que deveria ser só minha. Pois é. Os porquês roubam minha existência - turbulentos, truculentos, malditos. E malditas sejam as palavras que, vomitadas, dizem tudo e não dizem nada.

Mas, vamos lá. Dizem que gratidão é um exercício, um hábito a ser cultivado diariamente. Dizem, também, que mesmo aparentando não existirem razões, nós devemos inventar, se preciso for, motivos para agradecer. Ok, eu não preciso chegar a tanto.

Eu agradeço pelos sorrisos do meu filho, sempre tão claros e impulsionadores; agradeço por sua vida ter despertado em mim a coragem de gritar que, sim, eu quero mais do que a vida tem me oferecido. Agradeço por poder estar próxima a meus pais e por poder retribuir, da forma que me é possível, todo apoio até aqui; e agradeço até mesmo essa capacidade louca de nunca me conformar com o conformismo. Se tem sido difícil encontrar motivos pra sorrir a gente toma uma cerveja e fica tudo bem, Tudo zen.

Entenda. Não é egoísmo, chantagem, vitimismo, meninisse, safadeza, conformismo ou moleza. É, talvez, melancolia, temperada com um tiquinho de tristeza, salteada com uma vontade imensa e urgente de ser feliz. De ser sempre o que se quis. De empinar o nariz e bradar nossas conquistas. De não ser mais artista. De não precisar ser artífice dos próprios sorrisos. Mas, como eu já disse: se tem sido difícil encontrar motivos pra sorrir, a gente toma uma cerveja e fica tudo bem. Tudo zen.

Enfim

5 comentários:

  1. Também estou nessa luta, Maricota. Cheia de interrogações. Parafraseando 'Mafalda' : "Por que a mim coube ser eu".... rsrsrsrsrssssssssssss

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  2. "De ser sempre o que se quis." Sera que alguém na vida consegue ou já conseguiu ser o que se quis e se quer ser? As vezes acho que é tão distante ser o que se quer....Se descobrir, me passa o segredo. Massa o texto.

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