sábado, 14 de novembro de 2015

A miséria humana é muito grande.

A miséria humana é muito grande.

Tentei começar este texto de outra forma, com outra frase. Mas esta não me sai da cabeça. A miséria humana é muito grande, gigantesca, horrenda. Aqui e lá, seja em que lugar for, há exemplos fáticos de que o ser humano não merece essa condição privilegiada. Desde o início dos tempos, nos digladiamos e nos destruímos em busca de mais poder. Para tanto, usamos institutos que deveriam ser símbolos de amor e de união, da crença em um ser maior. A fé e a guerra andam de mãos dadas através da história da humanidade.

Desde a tragédia de Mariana, em Minas Gerais, ando aterrorizada com a capacidade do ser humano de desprezar a vida na busca insana e cruel pelo vil metal. Aqui, tão perto de nós, a maior tragédia ambiental em muitos anos no Brasil é tratada quase que com descaso por parte da mídia. Sem o poder da telinha, o sofrimento das pessoas que perderam tudo parece mais um dramalhão mexicano; e o fato de mais um rio - um Rio tão lindo -, estar morto, é divulgado como se se tratasse de um mero acaso do destino. O Rio Doce está morto e a expectativa de novos sinais de vida é sombria - teremos (poderemos?!) que esperar 100 anos. E assim, o vil metal cobriu de lama e ódio um rio cheio de vida. A política, por sua vez, procura mascarar de vez essa ferida escancarada, aberta na pele de um povo anestesiado pela própria ignorância.

Na França, pessoas inocentes correm, desesperadas, tentando salvar as próprias vidas e a de seus pares, É o Estado Islâmico que se anuncia - uma retaliação à morte de um dos seus cabeças. 89 pessoas inocentes perderam a vida e mais de 300 estão feridas. Um país inteiro está em choque e o mundo, aterrado, presencia o prenúncio de uma nova guerra. Mais uma vez, a fé anda de mãos acorrentadas com a guerra, sendo usada como massa de manobra por quem, de fato, não acredita em Deus - mas apenas na própria força. E, mais uma vez, o que se vê é um jogo político, louco e doentio, que comanda o futuro da humanidade.

Hoje à noite eu abracei meu filho muito forte, pensando nas minhas dúvidas anteriores à gestação. Como eu iria colocar um filho num mundo deste? E, agora que ele está aqui, eu me pergunto como poderei mantê-lo seguro e puro, frente à tanta podridão. Lá fora, alguém solta fogos em comemoração à Vitória do Santa Cruz. Apesar do susto, Heitor festejou e, com os olhos brilhantes, gritou - é carnaval, mamãe! O carnaval chegou! O barulho foi exatamente igual aos tiros de fuzil ouvidos do lado de fora do Bataclan e às explosões ouvidas do lado de fora do estádio, em Paris. Lá dentro, França e Alemanha, cabalísticamente, travavam um duelo histórico. E a história, de repente, estranhamente, morbidamente, parece se repetir.

Dizem os espiritas que este é um mundo de espiação. Então, que Deus seja por nós, por todos nós. Pela regeneração da raça humana; por mais amor em nossos corações; por uma reinvenção de todos nós.

A miséria humana é muito grande.

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