sábado, 7 de março de 2015

Lutar pela sua existência. Resistência.

Recentemente eu passei por mais um dos meus ciclos de revolta. Engraçado que, ao usar tal expressão, uma amiga me disse ser essa uma designação muito chique para um sentimento comum e arbitrário: a frustração. Eu argumentei com ela que, afinal, não era só frustração. Era um amontoado de coisas: raiva, cansaço, revolta, inveja (você nunca?!), auto-tirania e, enfim, a tal da frustração. Tudo junto e mistura, desmoronando bem na minha cabeça.

Ora, não vá me dizer que nunca, nunquinha, teve um ciclo de revolta. A vida não é perfeita e nós somos seres acumuladores de expectativas. Esperamos o sorriso perfeito, o emprego perfeito, a casa dos sonhos, aquela viagem fantástica e a tal da realização, cujo limite a nós imposto se aloja lá pelos trinta anos. Pois. Eu tenho trinta anos e a tal da realização ainda não aconteceu. O problema é que eu vejo muita gente ao meu redor, gente mais nova do que eu, dando certo e eu, infelizmente, só tenho dado errado. Vai ver que eu não tenho estrela, ou a lua não estava apontada para o meu bumbum quando do meu nascimento. O fato é que eu tenho esperado demais, ansiado demais, e nada - nadinha mesmo -, acontece.

Então eu me sinto no limbo - um lugar entre a vida que me foi dada e aquela pela qual eu tanto anseio. Pareço correr, parada, sem conseguir sair do lugar, enquanto os demais competidores me atravessam, felizes, ocupando os primeiros lugares do pódio. Acontece que é difícil aceitar a vida como ela é. Imperfeita; azeda e doce ao mesmo tempo; singular e tão banal; surreal e tão corriqueira. Difícil mesmo é aceitar que, queira ou não queira, alguns vão se dar melhor na vida do que a gente. Vixe... isso é difícil de engolir. (Sabe como é: sou de escorpião).

Durante os ciclos de revolta eu me transmuto para dentro de mim mesma. Prefiro a reclusão solitária a fim de não espalhar pelo mundo o amargor dos meus olhos tristes e cansados. Assim, protejo a mim e ao outro que, coitado, não tem culpa alguma de nada. Sumo por alguns instantes, dias, décadas para, então, ressurgir reluzente e refeita, como uma fênix que, apesar das derrotas, ergue-se da dor para, mais uma vez, lutar pela sua existência. Resistência.


3 comentários:

  1. Me vejo nessas suas palavras, assim como, com certeza, muita gente também. Talvez você não tenha uma conta gorda no banco, um carro do ano e uma mansão (como eu e como a sociedade espera), mas tem em si um valor imensurável que ultrapassa, e muito, quaisquer conquistas materiais por maiores que sejam. Sua capacidade de poetizar com sentimento e inteligência, de escrever, de ser mãe incansável e amiga dedicada... dona de uma mente ultracriativa e de uma voz linda (poderia ser cantora). Infelizmente, a gente valoriza mais as conquistas materiais que as humanas (e não me excluo dessa cultura). A verdade é que não tem que seguir padrão. O tempo é relativo de pessoa para pessoa (o meu é devagar quase parando rsrsrsrssssss) e algumas pessoas têm mais facilidade em se enquadrar nas exigências sociais. Só sei que admiro você e que às vezes acredito que aquele texto do eclesistes está certo, quando diz que há tempo para tudo debaixo do sol. Beijos <3

    ResponderExcluir